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China apoia acordo com o Irã; França diz ver ‘passo positivo’


A China anunciou nesta terça-feira seu apoio ao acordo nuclear anunciado na véspera entre o Irã, o Brasil e a Turquia, em contraste ao ceticismo manifestado na segunda-feira pelas principais potências ocidentais.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, porém, afirmou nesta terça-feira que o acordo é “um passo positivo” e que espera que o governo iraniano forneça por escrito os seus detalhes.
Em um comunicado divulgado pela Presidência francesa, Sarkozy afirmou que o acordo “precisa ser logicamente acompanhado de uma suspensão do enriquecimento de urânio a 20%”. Segundo ele, a França e as demais potências analisarão o acordo e suas implicações “sem preconceitos”.
A China e a França são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, ao lado dos Estados Unidos, da Rússia e da Grã-Bretanha, e seu apoio é essencial para a eventual aprovação de novas sanções contra o Irã, como defende o governo americano.
Pelo acordo de segunda-feira, anunciado durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Teerã, o Irã concordou em enviar seu urânio com baixo grau de enriquecimento por combustível nuclear com urânio enriquecido a 20%.
O acordo poderia evitar que o Irã desenvolvesse tecnologia de enriquecimento de urânio que permitisse ao país fabricar no futuro armas nucleares, mas foi visto com ceticismo por alguns países ocidentais, que veem no acordo uma tentativa do Irã de ganhar tempo e evitar a adoção de mais sanções internacionais.
Resposta rápida
A troca do urânio iraniano tem de ser aprovada pelo chamado Grupo de Viena, formado por Estados Unidos, Rússia, França e AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, órgão ligado à ONU). Nesta terça-feira, o Irã disse esperar uma resposta “rápida” das potências ocidentais sobre o acordo.
Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ramin Mehmanparast, o governo iraniano notificará a AIEA sobre o acordo “por escrito, por meio dos canais usuais, dentro de uma semana”.
“Esperamos que os membros do Grupo de Viena anunciem rapidamente sua prontidão para implementar a troca do urânio”, afirmou o porta-voz.
Várias potências ocidentais já afirmaram que o acordo não é suficiente para eliminar suas preocupações sobre o programa nuclear iraniano.
Eles acusam o Irã de estar tentando desenvolver secretamente armamentos nucleares. O Irã nega e afirma que seu programa nuclear tem como objetivo a geração de energia.
Sanções
O governo americano disse que ainda avalia o acordo, mas que ele não interromperia nem desaceleraria sua pressão por sanções mais duras contra o Irã.
Os Estados Unidos manifestaram preocupação com a declaração de autoridades iranianas de que o acordo não impediria o país de continuar enriquecendo urânio em seu território.
A mídia estatal iraniana classificou o acordo como um “xeque-mate” aos esforços dos Estados Unidos para aprovar novas sanções sobre o Irã por causa de seu programa nuclear.
O Parlamento iraniano aprovou o acordo nesta terça-feira, com o voto de 234 dos seus 290 membros, e pediu ao governo para “exigir a abolição das resoluções contra o Irã”.
O país já sofre com uma série de sanções aprovadas pela ONU nos últimos anos por conta de seu programa nuclear.
‘Animado’
O ministro das Relações Exteriores da China, Yang Jiechi, se disse “animado” pelo acordo. Segundo ele, a China “expressa sua apreciação pelos esforços diplomáticos feitos por todos os atores para buscar positivamente uma solução apropriada para a questão nuclear iraniana”, disse ele.
Ainda nesta terça-feira, o porta-voz do ministério Ma Zhaoxu disse que seu governo espera que o acordo “beneficie o processo de resolver pacificamente a questão nuclear iraniana por meio do diálogo e das negociações”.
Nem Yang nem Ma afirmaram diretamente se a China acredita que as potências ocidentais deveriam repensar as sanções propostas contra o Irã, mas ambos reafirmaram que o governo chinês prefere uma solução negociada para a disputa.
“A China sempre acreditou que o diálogo e as negociações são o melhor canal para resolver a questão nuclear iraniana”, afirmou Ma.